quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Sociedade "Fordiniana"

O medo alimenta-se do sorriso, de tal forma, que este se transforma na máscara que o esconde.
É esta a dinâmica em que hoje se vive. A utopia passou a ser um sonho esquecido, o mundo um escravo do egoísmo humano. A palavra indivíduo perdeu-se algures entre os valores soviéticos e os interesses capitalistas. 
Constituímos agora um grande rebanho de conformistas cuja herança cultural será duvidosa. Nós, os conformistas, abdicamos conscientemente e de bom grado da valiosa privacidade, essa que nos permite encontros com a tão só Razão. Os mestres, como Huxley e Orwell, cientes do futuro da sociedade deixaram como herança obras literárias que retratam a distopia em que vivemos.
Porém, poucos são aqueles que aceitam a solidão como companheira. Poucos são aqueles que aceitam o pensar como forma de viver válida. A resignação é a atitude mais fácil e o medo é o melhor incentivo. Somos seres que flutuam sobre a vida sem nunca termos a coragem de a pisarmos. 
Preferimos apenas obter o que a sociedade toma como suposto e necessário para se ser feliz, traindo o que nos torna mais humano, a individualidade. Optamos pela vida formatada e ocupamos o nosso lugar na vida "Fordiniana". Abandonamos deliberadamente o nosso pensamento. 
Somos como pássaros que se recusam voar. Quando o conhecimento se torna de extrema facilidade de acesso, deixa de nos interessar. Rejeitamos o direito à liberdade em prol de um poder cujo alicerce não é a sabedoria mas sim a ganância.